Pelaarteazuera: setembro 2011

Samuel Porfírio é paulistano 26 anos, morador da COHAB 2 - Itaquera Zona Leste, poeta, compositor, mestre de cerimônia do coletivo Engrenagem Urbana (no qual lançou um Ep com participação da cantora Maria Elvira ) corintiano fanático, estreia o vídeo clip '100 anos de uma história' em homenagem ao Corinthians de forma totalmente independente, e agora conversa conosco no Pelaarteazuera sobre futebol, música e trabalho...

1 - Samuel Porfírio, como não pode ser diferente iremos começar pelo Corinthians. Qual a razão de tanto sentimento ?

R: É exatamente essa a questão, não existe razão, é um sentimento que renasce desde criança, ano após ano, dia após dia e jogo após jogo, um turbilhão avassalador que envolve mais do que 90 minutos, envolve 101 anos pra muito mais. Só posso dizer que é diferente ser corintiano... diferente pelo fato do torcedor acreditar até o fim na virada, apoiar seja qual for a adversidade, o torcedor corintiano se acostumou com o sofrimento e nas ocasiões mais difíceis esse sentimento aflora mais ainda...

2 - Primeiro a música, depois o vídeo clipe. Qual será a reação dos seus fãs que não são corintianos diante da sua paixão?

R: Então, isso foi muito bem pensado, eu me preocupei bastante com essa suposta “reação contrária “ por isso tentei fazer a música de uma forma que representasse mais a história do clube do que propriamente minha paixão. Tanto que essa música circulou paralelamente aos meus trabalhos, só que curiosamente e pra minha surpresa houve muita procura e elogios de palmeirenses, são paulinos e santistas. Uns compraram para presentiar, outros porque gostam do meu trabalho. O clipe só foi feito porque obtivemos um saldo positivo com a música e sem dúvida foi um tiro certo na minha carreira. Fica aí o convite pra todos virarem corintiano (risos).

3 - Sobre o clipe, como foi feito? houve patrocínio ?

R: Nenhum patrocínio, somente força de vontade e ajuda de quatro amigos. Para se ter uma ideia, nós gravamos o clipe sem nenhum equipamento profissional, simplesmente saímos de casa pela manhã na semana do Natal e do Ano Novo enquanto a cidade viajava. Fomos até o Pacaembu de um dia para o outro, sem roteiro e muito menos sem saber como iriamos fazer com duas câmeras de fotografia na qual tinha um recurso de vídeo. Andamos com mochilas nas costas e muita concentração, devido a tanto esforço posso dizer que meus patrocínios foram o Kiko de Sousa (gravação e edição), juntamente com o Thiago Rocha, Viegas e Digo Semox. O mais importante é que tudo deu certo graças a Deus !!!!

4 – Qual foi o momento mais difícil ?

R- Sem dúvida foi na semana retrasada, faltavam apenas 30 segundos de edição para o término do clip, quando de repente o programa 'deu pau'. Perdemos todo o projeto e todo o trabalho feito... um trampo que foi muito difícil pelo fato de não termos recursos corretos para gravação. Eu gravei o clipe sem escutar a música, ou seja, eu cantei mais rápido do que normalmente é a música, então imagine como foi o som e a imagem. Além disso, retirei imagens da torcida e gols da internet, onde as imagens já estão danificadas e tremidas. Tudo isso com o planejamento de lançar o clipe nas véspera do aniversário do corinthians (01/09 ), mas felizmente trampamos bastante e conseguimos transformar 6 meses em uma semana.

5 – Voltando ao Corinthians, desde quando você frequenta o estádio? Continua indo nos jogos?

R: Freqüento desde 1.999 e infelizmente não vou como gostaria devido ao trampo, tempo e grana. É inadmissível o preço dos ingressos, hoje estão elitizando demais o futebol. Eu mesmo já vi o Morumbi com 80 mil pessoas, coisa que nos tempos atuais um jogo com 20 mil pessoas é sinônimo de 'estádio cheio. Além disso colocam a culpa só na violência, mas quem frequenta o estádio sabe: você não encontra um banheiro limpo, retiraram os ambulantes que era a graça da parada, dentro do estádio cobram absurdos o preço dos lanches, não vendem bebida alcoólica no estádio porque dizem que isso pode aumentar a violência, mas a próxima copa do mundo , com certeza irão liberar para os gringos. Eu estou há 10 anos proibido de beber quando meu time ganha, porém os suecos, turcos e ingleses irão beber na nossa arquibancada (risos ).

6 – Seu herói corintiano é ?

R- Bom, eu vi o Ronaldo (Goleiro), vi também o Gamarra, Rincón, Edilson, Neto, Viola mas sem dúvida o meu maior ídolo foi o Marcelinho Carioca.

7 - Seu jogo inesquecível ?

R: Putz!, são vários, eu não consigo resumir em um só, não seria justo mas vamos lá. Eu estava no Mundial que foi no Morumbi contra o Real Madri, estava na final do Brasileiro 99, finais da Copa do Brasil 2002 e 2009, semi final contra o São Paulo onde o Dida pegou dois pênaltis do Raí, o dia que o Edilson fez embaixadinhas, enfim foram vários clássicos, várias finais, semi finais, são inúmeros jogos e cada jogo é uma história e no estádio é sempre melhor.

8- Pra finalizar, seu irmão é doente pelo São Paulo e você pelo Corinthians. Reza a lenda que você vendeu o tênis dele pra ir no jogo, é verdade ?

R: (risos) é verdade sim, isso aconteceu na final contra o Atlético MG no Morumbi e eram três jogos nos playoffs: o primeiro em Minas e os outros dois em São Paulo. Eu fui no primeiro aqui e o timão ganhou de 2 a 0, só faltava o empate para ser Tri do Brasileiro. Sem grana e desesperado, reparei que o meu irmão tinha um tênis novinho que ele quase não usava, estava meio apertado... Rapaz eu não tive dúvida, coloquei na mochila e fui para a escola rapidinho... fiz o negócio e vendi por 15 conto, consegui o ingresso mais o lanche (risos). De lá fui comprar o meu ingresso. Quando cheguei em casa a primeira coisa que ele perguntou: ''Você viu meu tênis?'' ...na hora falei: ''A mãe mandou para a Bahia...'' e ele só foi saber sobre o tênis anos depois, mas eu vou pagar deixa só as coisas melhorarem (risos)

9 - Agradecimentos ?

R: Bom, primeiramente a Deus que me dá o dom e força de todos os dias, a minha família: mãe, pai, irmã e irmão, sobrinho, tios e tias, primos e primas, esposa e minha amada filha Maria Elis, meus amigos e amigas, colegas, as pessoas que torcem por mim e que vão aos shows do Engrenagem Urbana, a meus mais do que parceiros Kiko de Sousa, Nenê Caetano, Thiago Rocha, Digo Semox, Xisto, Rico e é claro a Maria Elvira, minha professora, a todas as pessoas que ajudam e muito, um grande abraço pros manos que vão ao estádio comigo pra ver o nosso coringão, e continuem acreditando e bora trampar!

Acessem:

Video Clipe '100 ANOS DE UMA HISTÓRIA'

http://br4.in/RAMfd

~~Mypaces:~~

http://myspace.com/mariaelviracantora

http://myspace.com/engrenagemurbana

http://myspace.com/samuelporfirio

e no twitter @porfiriooficial

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